A ACP – Sindicato Campo-grandense dos Profissionais da Educação Pública se manifesta publicamente, repudiando toda forma de agressão. Lamentavelmente, no dia 19 de outubro, a Câmara Municipal de Vereadores foi mais uma vez palco para covardes externarem seu ódio em forma de violência.
Violência que inicia quando parlamentares usam de seu mandato para propor leis, na tentativa de silenciar, amedrontar professores, impondo-lhes restrições para desenvolverem seu trabalho. Como se os educadores não fossem capazes de discernir qual seu papel no processo de construção do conhecimento em nossas escolas.
A mesma violência materializou-se durante a audiência pública, nesta quinta-feira, quando professores manifestavam-se contra o Projeto de Lei Estadual nº 191/2017, que visa instituir o programa “Escola sem Partido” – tema que já foi amplamente discutido e superado por educadores e sociedade, nas conferências que resultaram no PNE (Plano Nacional de Educação). Enquanto os professores estavam na Casa de Leis resistindo a mais uma investida contra seu ofício, um senhor, coronel do Exército Brasileiro, bradava palavrões contra os professores, esbravejando, ao lado de incautos senhores, senhoras e jovens, por respeito à família, como se os educadores deste país fossem a grande ameaça ao bem da nação e da família brasileira. Quem estudou história sem a mordaça da “Escola sem Partido” deve saber o resultado de discursos idênticos a esse, lá pelos idos de 1964.
A jornalista Laiana Horing Nantes, assessora de comunicação da ACP, estava trabalhando na cobertura do ato. Diante do homem visivelmente alterado, ela direciona sua câmera para registrar a cena, quando é atacada verbal e fisicamente pelo mesmo. Palavrões improferíveis e um tapa seguido de um empurrão são os melhores argumentos que o militar foi capaz de usar para tentar impedir que a jornalista cumprisse seu trabalho, numa evidente atitude machista e misógina, corroborada ainda por expressões de outros manifestantes que mandavam Laiana “ir lavar roupa”.
Além de condenar atos de violência, é fundamental questionar quais os reais interesses que estão por trás dessas propostas retrógradas. Que lógica é essa? A começar por um projeto intitulado “Escola sem Partido”, mas que é proposto por agentes políticos, partidários, detentores de mandatos parlamentares. O professor não pode apresentar seu conteúdo promovendo a contextualização e o debate sobre política, sexualidade, gênero, religião? A escola não pode ser o espaço para o encontro com a diferença? Mas, agredir mulheres pode? Incitar o machismo, o racismo, a lgbtfobia pode? Condescendência com a cultura do estupro e o feminicídio pode? Professores (as) contextualizarem o dia 8 de março, relatando a história do movimento feminista, jamais! Triste realidade.
As providências para responsabilizar o agressor já foram tomadas, mas esse pensamento não pode seguir, sob pena de vermos, em breve, professores (as) saírem algemados (as) de suas salas de aula por fazerem seu trabalho, livros serem queimados por conter alto teor histórico, censuras serem aplicadas às artes – neste caso, já estamos vendo.
A ACP seguirá na luta em defesa dos professores e do pleno exercício do magistério, bem como da liberdade de imprensa e pelo direito à livre manifestação a todos os trabalhadores deste país. A violência e a intolerância não vão nos calar! Nossa luta não para!