Ao longo da década de 1950, novas entidades sindicais foram formadas e reorganizadas. A conjuntura política estimulava os sindicalistas a atuarem com mais desenvoltura. Aproveitando esse novo momento político do Brasil, os professores de Campo Grande, criaram, em 18 de maio de 1952, a Associação Campo-Grandense de Professores, a ACP.
Podemos afirmar que a organização política dos professores e de outras categorias do estado receberam influência direta dos marinheiros e dos ferroviários. Eles pavimentaram o caminho para o desenvolvimento do associativismo e do sindicalismo em nossa região.
A exemplo de outras categorias de trabalhadores, os professores também criaram suas associações de classe ainda no século XIX. Há registros históricos de associações de professores datadas de 1874. As suas atividades tinham caráter claramente filantrópico, quando outras categorias já estavam liderando paralisações e greves no país.
O magistério demorou muito tempo para atuar como entidade sindical de fato. Em 1952, quando a ACP foi criada, a maioria dos profissionais da educação de Mato Grosso do Sul, estava empregada em órgãos públicos municipais e estaduais. Havia também o mercado das escolas privadas.
Em geral, a remuneração era baixa, havia atraso salarial, muitos dependiam de favor político para recontratação, não havia direito a férias e outras garantias. Por não haver garantia no emprego, poucos professores participavam ativamente da política.
Assim sendo, em 1952 um grupo de professores decide fundar a ACP, alguns integrantes dessa articulação mantinham contato com lideranças do magistério das cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, que desde o começo do século XX contavam com associações de professores.
Um começo de luta e resistência, pois os professores tinham muitos deveres e quase nenhum direito. Faltava uma entidade de classe representativa. A primeira reunião para tratar do futuro da ACP aconteceu no dia 21 de abril de 1952, na sala do Clube Libanês, no Edifício Olinda, às 8h30, para deliberar a fundação da associação. A primeira diretoria provisória contou com os seguintes professores: Alinor de Lima, José Everaldo da Silva e Nagib Raslan.
No dia 18 de maio de 1952 foi realizada eleição para diretoria plena da ACP. Estavam presentes 75 professores. Foram eleitos: presidente Alinor de Lima Bastos, vice-presidente Carlos Henrique Schader, primeiro-secretário Emanuel Garcia de Araújo, segundo-secretário Luís Cavaleri, primeiro tesoureiro Nagila Raslan, segundo-tesoureiro Hélio Sabino Lopes, bibliotecário José Perira Luís e diretor social Antônio Viette.
Pelas décadas seguintes, a luta por aumento salarial tornou-se presente em praticamente todas as pautas de reuniões e assembleias, desde implantação da ACP. A partir de 1955 o sindicato começa a expor suas bandeiras de lutas na mídia, por meio do jornal “O Mato-Grossense”, e a Rádio Educação Rural.
Durante o período da ditadura militar os professores vivenciaram o desafio da repressão e salários atrasados. A ACP se manteve firme ao longo dos anos na defesa incansável pela democracia, lutou por direitos como realização de concursos públicos, salários, carreira, estatutos, piso salarial, com vanguarda na luta pelo piso para uma jornada de 20h.
Houve ainda momentos decisivos para a educação pública e a sociedade de Campo Grande e Mato Grosso do sul, como a criação da Semed (Secretaria Municipal de Educação) em Campo Grande, a criação de Mato Grosso do Sul, a luta de dirigentes de destaque como a professora, advogada e primeira prefeita de Campo Grande, Nelly Bacha.
Há também fatos significativos para o sindicato como a compra da sede, efetuada pela presidente da época, professora e ativista cultural Maria da Glória Sá Rosa, em 1952, onde até hoje está instalada a entidade.
Na contemporaneidade, o destaque é para a maior greve da história da REME, em 2015, em defesa do Piso 20h, que durou três meses e culminou com o desencadeamento da operação Coffee Break e a queda do prefeito Gilmar Olarte.
Ao longo das últimas décadas, a ACP foi comandada por presidentes e dirigentes ousados e aguerridos, conscientes da importância da luta em prol da categoria do magistério.
São 71 anos de muita história, trabalho e reivindicação de mais valorização dos educadores, onde muitos professores e professoras deixaram seu legado na história da ACP e da educação pública.
A ACP mantém viva e permanente, as constantes lutas por mais direito e respeito aos profissionais da educação.