Professor Geraldo Gonçalves, a vida que transformou a luta pela educação em Campo Grande

O Professor Geraldo Alves Gonçalves partiu deixando uma marca que não se apaga. Aos 76 anos, faleceu um homem que dedicou a vida ao ensino, à organização coletiva e à luta por reconhecimento e condições dignas para professoras e professores. Para a ACP, para a cidade e para a história do magistério de Campo Grande, seu nome será eternamente lembrado como símbolo de competência, firmeza, força e seriedade.

Da sala de aula à liderança sindical

Professor por vocação, Geraldo iniciou sua trajetória nas salas de aula e logo encontrou no sindicato o espaço onde a indignação se transformava em ação organizada. Foi vice-presidente em 2002 e assumiu a direção da ACP no segundo semestre de 2004, quando o então presidente Jaime Teixeira se afastou para disputar a eleição municipal. Desde então, sua história se confunde com a da entidade.

De fala serena e presença firme, Seu Geraldo, como era chamado com carinho, conduziu a ACP em um dos períodos mais intensos da luta sindical em Campo Grande. Foi sob sua liderança que o sindicato consolidou importantes conquistas, como o avanço na valorização do magistério e a luta pela integralização do Piso 20h, o marco que colocou o município entre as referências nacionais em política salarial para educadores.

Uma gestão marcada por conquistas e humanidade

Entre 2005 e 2015, foram treze anos de militância ativa pelas causas trabalhistas e educacionais. Nesse período, o número de filiados saltou de 2 mil para mais de 7 mil, o patrimônio da ACP cresceu e o sindicato se tornou mais forte institucionalmente, socialmente e afetivamente.

Geraldo compreendia que a força de um sindicato também se mede pela capacidade de acolher. Sob sua direção, a ACP manteve viva a tradição das festas dos professores, ampliou as ações para aposentados, fortaleceu cursos de formação sindical e reafirmou a importância da convivência como parte da luta. Era um dirigente que celebrava vitórias e cuidava das pessoas, um homem de gestão e de gestos.

A Revista Expressão de 2015 sintetizou sua herança ao registrar que ele “deixou uma marca de dedicação, trabalho, seriedade e afeto. Afeto que distribuía sem parcimônia para os amigos e amigas que gozavam de sua amizade.”

O construtor de pontes

Durante as negociações mais difíceis, Geraldo foi mediador. Conduziu assembleias marcadas por grandes mobilizações, soube dialogar com diferentes gestões municipais e fez da ACP uma voz respeitada nas mesas de negociação. Para ele, cada reunião era uma oportunidade de educar, e cada ato público, uma aula sobre cidadania.

Com firmeza, enfrentou momentos de impasse, mas nunca abriu mão do diálogo. Defendia que a luta sindical só fazia sentido se fosse capaz de unir educadores, unir categorias, unir forças em defesa da escola pública.

O legado que permanece

O auditório da sede da ACP, que leva seu nome, é mais do que uma homenagem. É símbolo de gratidão e reconhecimento por uma trajetória que consolidou o sindicato como referência de organização, coragem e compromisso com a educação pública.

Ao longo de sua história, Geraldo foi presença constante nas grandes vitórias da categoria e nas lutas mais árduas. Participou das mobilizações que reivindicaram o cumprimento do Piso Nacional, acompanhou paralisações históricas e manteve viva a chama da resistência sindical. Foi protagonista de uma era em que a ACP não apenas cresceu em estrutura, cresceu em relevância e em humanidade.

O homem por trás do dirigente

Quem conviveu com ele sabe: Geraldo era o tipo de pessoa que chegava antes e saía depois, que ouvia mais do que falava e que acreditava profundamente na força coletiva. Gostava de celebrar a vida, de rir com os colegas, de estar entre amigos. Tinha uma alegria simples e genuína, e um senso de responsabilidade que o fez transformar o cotidiano em missão.

Seu Geraldo foi, acima de tudo, um educador dentro e fora da sala de aula. Sua presença firme e seu sorriso discreto continuam ecoando em cada conquista que hoje beneficia professoras, professores e estudantes da rede pública.

Memória viva

Ao registrar sua partida, a ACP não apenas lamenta a perda de um presidente, mas reafirma o compromisso de manter viva a luta que ele ajudou a conduzir. A memória de Geraldo Gonçalves é, e sempre será, parte da história cotidiana do sindicato. Em cada assembleia, em cada formação, em cada gesto de resistência e solidariedade, ele seguirá presente, porque o legado dos que lutam pela educação ultrapassa o tempo e se transforma em exemplo.

A diretoria convida a categoria e toda a comunidade escolar a se unir nas homenagens ao professor Geraldo Alves Gonçalves, dirigente histórico, educador incansável e símbolo de uma luta que jamais deixará de florescer.